segunda-feira, 31 de outubro de 2011

NO TOPO DA ESCADARIA


Hoje acordei com uma sensação estranha.
Sinto-me pequeno e indefeso, como uma criança de dois anos, incapaz de me proteger a mim mesmo.
Vejo-te no cimo de uma longa escadaria a olhar para mim, eu desejoso de estar contigo, debato-me contra os degraus, que como um precipício me separa de ti.
Choro de raiva, de revolta, a muito esforço subo os primeiros degraus, olho para cima e vejo-te ainda longe, a olhar para baixo imóvel, um olhar de desprezo, gélido para quem anseia poder estar nos teus braços como uma criança nos braços da sua progenitora.
Há medida que debato-me para te alcançar, muita coisa me passa pela cabeça, principalmente o sentimento de impotência , é uma barreira muito grande que me separa de ti, varias vezes penso em desistir, mas para estar ao teu lado vou encontrando forças onde pensava que não existissem.
Não é fácil para mim passar para a outra margem, imagina-te numa ponte de madeira sobre um rio, uma ponte velha já sem algumas tábuas, e que tu tens que a passar, verias que não é nada fácil olhar para baixo e ver só água, é como me sinto a subir esta montanha interminável.
O que não me deixa desistir são as recordações que tenho contigo, o teu olhar doce e meigo, o teu sorriso que sacia a fome dos meus olhos, os teus braços que desejo tocar nem que seja por meros segundos para depois falecer neles, são estas lembranças que ainda me fazem arrastar neste calvário.
Sinto-me fraco, já mais de meios degraus estão percorridos, estas tão perto, mas longe ainda, estas como que um ser inanimado, eu com os olhos rasgados de água olho-te na esperança que me venhas socorrer, mas ali permaneces no topo da colina.
Olho para trás e só consigo pensar que se chegai ate aqui conseguirei ir ate ao fim, a minha cabeça assim diz, mas o meu corpo não obedece-lhe, arrasto-me para subir mais um degrau mas não consigo mais, dei tudo de mim para poder te alcançar, mas não foi suficiente, estou derrotado, fracassei, não tenho coragem de olhar para cima, não quero ver como me olhas, não quero ver o que pensas de mim agora que falta pouco mais que uma dúzia de degraus.
Agora percebo o choro de uma criança quando sente a falta da sua mãe, sinto-me igual aqui parado, só consigo chorar por não ter conseguido chegar a minha meta que eras tu, choro baixinho para que não tenhas pena de quem tudo fez e desejou para estar contigo.
O tempo parou, já não sei se aqui estou a minutos ou horas, mas aqui permaneço, quase inconsciente, até que.... uma mão quente me toca e puxa para si, uma ultima lágrima minha cai, mas quando levanto a cabeça vejo que és tu, abraças-me forte e carregas-me em teu colo.
As palavras faltam-me mas o teu beijo diz tudo.

Nunca desistirei de ti, lutarei até que o ultimo pingo de sangue seque em meu corpo, se perder e batalha e não vieres ter comigo, morro derrotado, mas feliz por ter conhecido ao teu lado o doce significado da palavra AMAR!

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